segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Primavera

Talvez agora eu saiba
Entenda o acaso que devore
Minha insistência de criança
Nessa valsa de estações

Talvez agora entenda
O que me faz breve vivenda
Em cada setembro eterno
De mantos e canções

Pois se poetas adoram
E fachos brutos esperam
Quem será de negar
Ou maldizer tais afeições

São moinhos de vento
Transpondo cada tempo
E revivendo cada vôo
Em jardins de ilusões

É a linda vinda dela
Doce e densa primavera
Que abarca o barco a vela
Acusa rasantes gaviões

É a noite em fina espreita
Com o anjo na janela
Catando estrelas vivas
E colorindo rubros corações

São as flores de todos
Encobrindo a mata fresca
E despindo sem pudor
Cheiros de quatro sazões

Agora eu sei enfim
São as primaveras em mim
Que dedicam o seu jasmim
A um calabouço sem porões

Portanto hoje eu entendo
De chuva de risos e humores bons
Com girassóis ao sol estupendo
Nos galhos secos das multidões

É a contente primavera
Que contenta minha espera
Que assola as dores dessa era
E traduz dons em portos de quimera

2 comentários:

  1. Fantástico! Adorei o bailado das estações em valsa.
    "Sol de primavera abre as janelas do meu peito.
    A lição sabemos de cor. Só nos resta aprender..." (Beto Guedes)"

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  2. Voce sabe, né, amigo?! Ela é a estação predileta dos grandes poetas... Que é melhor que a conjuntura calorosa, sedenta, fresca e colorida do meu setembro???

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