O estar sempre brinca de ser
Deita no sofá da nossa sala
Esquenta o juízo
E se faz de casa
Sua confusão é peregrina
Espécie de chuvisco andante
De onde caem pingos vis
Que se acham torrente
Eu gosto sempre de brincar
Mas não de brincar de ser
Ou de fingir estar quando sou
Prefiro preto no branco
Abomino o gris
Aquele “deixo estar”
Sem ficar nem entreter
Pois o jogo ocasionado
Só cria caso
Esvazia a ternura do ser
E o facho do estar
A briga entre o estar e o ser
Esmurra o momento e o sucessivo
Dá fim no contento efêmero
E arruína o eterno
Entre o estar e o ser
Não há sensação ou sentimento
Só cabe sensacionalismo
Coisa que não se sustenta à distância
Ao menos com nomadismo
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