quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A esmo

Nesses dias sem nexo
Sem nada
Ando solta
Querendo o complexo
De certo, manca
Buscando madrugada
Em meio ao vento
No relento
Tomando chuva
E sendo a trovoada

E é nesses dias sem nexo
Sem nada
Que espero um intento
Ou uma caçoada
Que me limpe os olhos
E me seja risada
Para nascer em frutos
Brotos e brutos
Uns idos minutos
De quem me encontro perdida
E me passe o tempo com uma piada

Pois nesses dias sem nexo
E, bem, sem nada mesmo
Prefiro calar ao invés de falar
Quase refletir ao invés de dormir
Em vez de planear
Pra me autoviajar
Prefiro estar a esmo
Mas fugir como presa
Sem pressa do destino
Ou dos pés do meu sesmo

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Quando

Quando você esquece, acha.
Quando você lembra, sorri.
Quando você pensa, saúda.
Quando você olha, crê.
Quando você encosta, imerge.
Quando você acorda, sonha.
Quando você anda, levita.
Quando você chama, canta.
Quando você tem, é.
Quando você sente, escreve.
Quando você diz, vive.
Sem onde nem quando, você.
Mas quando eu, você.
E quando nós, amor. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Para Neruda

Ao endireitar minhas leituras fico flácida.
Entendo entretida e intrépida o louvor dos versos seus.
Para sempre serei toda ouvidos, alma e olhos do coração; para sempre estancarei, sem tanto sucesso, as inúmeras lágrimas que me caem do olhar ao fazer-te em mim.
Ao experimentar tua poesia em meu eu inundo meu quarto de um triste mundo.
Invento retalhos para suas linhas e passo a assinar tudo que me vestir de nudez.
Ao tiritar pensamentos alcanço as mesmas estrelas escuras que vivem entre seu universo e seu chão.
Desperto e sibilo o ar que inda reservo nos pulmões do meu amor, cantando-te num silêncio anil.