terça-feira, 31 de agosto de 2010

Caminhando

Corro atrás do tempo que se adianta
Corro atrás do mês que se acaba
Avanço em tuas horas
E faço voltar momentos como anciã

Carrego riso nos primeiros suspiros
Assim como nos segundos

Refaço transas ao relento
Lembro de andar pelos campos
Acampar encantos pelos quartos
E trocar as músicas já tocadas

Piso firme em coloridas areias de cristal
Sem cristalizar pensamentos nem imagens

Vou caminhando para fazer brotar o futuro
Vou caminhando para acreditar no amor
Construo castelos de tanto pairar-te
E me entrego a inércia do querer

Ponho as aventuras todas na mochila da memória
E então invento infortúnios pra parar de sonhar
E ficar pra sempre no meio do caminho
Pra sempre em tuas horas
Sempre andantes

Memória olfativa

Cheiro de manga
- verde
Aroma de goiaba
Melancia com limão
Erva
Verão
Doce mangaba

Que cheiro bom
- de mar
Cheiro de conforto
Cheiro de chamego
- de menino
De conversa
- de artista
De memória
Sem sossego

Seu cheiro imprudente
Sua dança diferente
Com olhar reluzente
E esse abraço diligente
Com um cheiro bom
- de indecente
(Que frisson!)
Me cheirou
A um bom poente

Sob o manto de nuvem
Os raios de sol se fizeram
Esperança
E na dissipação dos anseios
Na claridade da coroa
No sorriso do casal ao lado
Eu me vi distante
Longe daquele perigo inconstante
Fora daquela cidade
Cheia de saudade
Das quatro estações
Num dia só
De todas aquelas ilusões
Que me dão na garganta
Um nó

Cantiga sertaneja engarrafada

Se essa rua fosse minha...
Asfalto ia virar mar!

Espera

A noite se manda
A míngua
Quando o choro sem banda
E o canto sem língua
Se desesperam

Sem inventar
Nem simular
Nenhuma espera
O sol se espanta
Sem vela
E os fios dos seus raios
Em imensa aquarela
Se partem

Assim como uma quimera
Assim como o segundo
Que atravessa o primeiro talvez
Assim como a escuridão
Que se manda afora
E me manda embora

Foi como espera num xadrez
A titica
Desse pede que fica
Com esse diz que fez

sábado, 28 de agosto de 2010

Abrir de portas

Nesse entra e sai
O abre e fecha dos dias fica terno
Te faço eterno no enquanto
E te seguro como água
Ao escorrer nosso tempo

Tenho medo da chuva
Medo que a uva não adoce
Como seus beijos
Que me banham
Que se espalham em mim
Raleando a saudade

É como se não coubesse riso
Em mais nada de mim
Fico distante do fim
Esquecendo de lembrar
De não abrir o coração

Nesse entra e sai
O abre e fecha dos dias fica terno
Já te faço eterno
E escancaro a porta do enquanto
Sem ter pressa de passar

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Não correspondida

Intrusa queria
Deixar de ser
E com você
Me permitir viver
Me sentir mandante
De toda alegria
Sem ser bandida
Nem rendida
Ou sem ninguém
Se intrometer
Nessa fantasia
Já que mesmo
Sem medida
Sendo a fera
Ou a ferida
Com emoção
Me faço despida
Completamente
Aturdida
Por um amor
Que ao me enternecer
A razão me roubou
Minha vida dominou
E pra sempre
Vai jazer
Sem fiança
Ou redenção
Nessa cela de prazer
Ilusão escondida
Numa prisão a sofrer:

Minha eterna paixão
Não correspondida

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Poemas velhos

Meus poemas são velhos
E não tem idade
Estão presos em todo tempo
Se movem a qualquer velocidade

Eles simbolizam
Meu grito intenso
Meu faro
Meu curso
Meu senso

Dedilham o amor
Simples e belo perpetuar
Calculam o prejuízo
E o imenso depósito
A que me permito efetivar

Meus poemas são velhos
Não fazem história
Apenas se adaptam às estações
Se fixando na mesma memória

Eles intentam
Sonhos novos
Sonhos puros
Inconstantes diretrizes
E incessantes deslizes

Meus poemas velhos
Bem sobrevivem
Alagados
E apesar de tanto chorar
Hoje ficam
Eternizados
Nesse meu terno
Terreno seco
De (a)mar

Frestas

Me certifico
Sempre
Das ruas
Que tenho
Em mente
E dos caminhos
Inteiros
Que me fazem
Seguir em frente

Organizo
As idéias
Fúnebres
Que como
Cascalhos vivos
Se disseminam
Pelas vias
E me arruínam
Com secas ironias

E as quinas
Com seus risos
Agrestes
Debulham-me
Fatídicas
Sem afeto
E só criam frestas
Em meu peito
Úmido e quieto

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

À gosto

O mês se deparou comigo
E quase nem disse “oi”

Quis me pedir um certo tempo
Mas o tempo errado me fez que foi

Então resolvi pôr no agosto
Aquele título tão bem posto

Daí, senti que a primavera
Ao meu bom gosto
Já me espera

sábado, 21 de agosto de 2010

Feitiço

Ah, esse tanto...
Esse tanto se transfere por tão pouco!
Essa intensa e imensa noite...
Essa boa prensa, porquanto
Torna nosso imprensa imprensa louco!

É um mar de enguiço...
Já virou vício!
Esse tanto de viço
Desacorrenta meu rebuliço
Induz o maço e o maciço!

Ah, esse tanto...
Esse tonto manto de fervor!
Luz que preenche o encanto
Desse santo feitiço
Em indício... De amor!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Homem

Me deparo sempre comigo
Cansado de reflexos
Desconexo
Do revés
E do complexo

Assim, abaúlo o umbigo
E, ao dedilhar os plexos
Me vejo perplexo
Através
Do sexo

Sem sal

Odeio te amar
Tanto assim
E de tão boboca
Fico insossa
Sem erva fina
Ou grossa
Na fossa
Sem saber
O que fazer
Se devo temperar
Meus dias
Ou esperar
O tempo
Que não chega
Que não salga
Nem adoça
Meu caminho
De palhoça
Essa joça
De viver
Desgosto
Sem gosto
Que é te amar
Sem ter você

Viver sem escrever

Certa feita
Me deparei
[estreita]
Com um abraço do destino

Foi uma espécie de despedida
Um adeus temporário

A brisa subiu
E escutei o sussurro
[saudoso]
Nocauteando como murro

Foi a entrega maldita
Dos meus segundos
[em escrita]
Pelo meu futuro

Aquele abraço foi um roubo
Me tirou a inspiração
[deixou sem chão]
Rareou o ar

Depois de um tempo descobri
Que o fel da vida
Só sara a ferida
E inda nos faz florir

Hoje
Sem aresta
[no que me resta]
Sou fugaz

Produzo pouco
Não inspiro para escrever
Mas para viver
[mais]

Sua alma

Sua alma
Esse jardim
Contém um pouco
De mim
Perfume de jasmim
Que eu sinto assim

Como se
Esse suor
Doce licor
Que escorre
Refrescasse
Meu sedento calor

É como se
Esse corpo
Lindo jono
Que revolve
Pesasse
Leve como o meu sono

É como se
Esses olhos
De sorvedouro
Que brilham
Fitassem
A voragem do meu tesouro

É como se
Esse sorriso
Larga eufonia
Que ressoa
Alimentasse
A paz da minha melodia

É como se
Essa alma
Livre desatino
Que viaja
Visitasse
Meu próprio destino

É como se facilmente
Tudo me viesse
Ou simplesmente
Como se em minha alma
Um pouco de você
Contivesse

domingo, 15 de agosto de 2010

Conversa

Conversa traz conversa
Que me faz confessa
Que atrai com pressa
Toda essa calúnia inversa
Opinião diversa
Sobre a vida
Que nos versa
E sobre o conto
Que me dispersa

Sinto o linho
Que me tece reversa
A noite chegando depressa
E acordo no palco
De uma peça
Confusão adversa
Que me expressa
Como uma conversa
Uma tola conversa
Que sempre continua
E me insinua
À beça

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Alma Pinga

De dia
Imagino
Alegria
De noite
Rezo
Pro açoite
E pinga
Na língua
O gosto
A míngua
De saudade
Longínqua
Dona
Da vontade
Que mora
Cá dentro
Mina líquida
De choro
Besouro
Zumbido
Em coro
Amor
De ouro

Depois
Converso
Sério
Arrepio
A espinha
Foco
Inerte
O plano
Distante
O avião
Vibrante
Que arrancaria
Aquele
Primeiro
Semblante
(alegria)
Então
Suspiro
Em giro
Tranco
O quarto
E piro

Esqueço
O fato
Lembro
Do instante
Da viagem
Adiada
Da palavra
Falida
Da ida
Mal vinda
Fonte
Malvada
Que lava
A bica
Cada canto
De coração
E conto
Cada estrada
Calçada
E não
Andada

Água
(não benta)
Que arrebenta
Minha
Rotina
Arrebata
Meu sono
Aterroriza
Minha sina
Enterra
A esperança
Viva
O espírito
Desse encontro
Difícil
Brilho
Intangível
Em região
Intransponível
Transparente
Nível
Imensidão
De mar
Invisível

Encanta
O cheiro
Bafo
Beijo
E molha
A boca
O sexo
O ser
Pouca
Hora já ida
Apenas
Relida
Em cantiga
Com papo
De reggae
E lágrima caída
Que rola
Solta
Na pele
Envolta
De você
E abriga
Tenente
A partida
Em noite
Ou dia
Com ferida
Inteira
E gota
De alma
Fluida
Mas rota
Com sangue
A pingar

Estar escrito

Quando a tristeza se abriu
me entristeci

Quando o sorriso me entendeu
eu lhe sorri

Quando o entendimento me calou
nos entendi

Quando o silêncio me flechou
o consenti

Quando o tempo se fechou
apenas percebi

Que enquanto a vida me falar
pode traçar o que escrevi

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Amores

Houve amores. E uns sei que sempre terei.
Houve amores desérticos; calados e funestos. Montando daquelas paisagens ásperas e bem calorosas, vertiginosas.
Houve amores deitados. Preguiçosos, que só se levantavam debaixo de muito grito; pois nem o sol acordava seus sensos.
Houve amores padrão; bem clichês e nítidos. Encharcados do oportunismo que nos invade a cada bela tarde chuvosa.
Houve amores cruéis. Amores bandidos e ladrões, assim como eu, a roubar palavras. Que me levaram preciosos bens, mas que, como manda o dito, nunca puderam me levar a sabedoria da alma.
Sim, houve amores proibidos; lançados pela mão de um caçador mor, e não do Cupido. E esses quase foram os melhores, se seus mistérios não fossem tão efêmeros, e se a verdade um dia não remediasse tão divinamente o antídoto das suas flechadas.
Houve amores açucarados. Que me deixavam doente, tonta, cega. Esses me davam sempre sede; mais sede de amor, sede de seus males e de mares salgados antes nunca navegados.
Houve amores esquecidos; aqueles que eu mais devoto. Que, como já disse, se deslembra das cobranças e só se faz de boas lembranças. Muito talvez meus preferidos, se, portanto, não estivessem mesmo esquecidos.
Houve sempre amores derradeiros, que por assim ficar, vezes voltavam a me rogar um bom emprego. Mas quais seriam então os primeiros? Nunca isso deixei importar. Dependendo da safra e da demanda, os buscava inteiros, porém amadurecidos. Desenvolvia as arestas mais brutas e os sentava no carvalho. E só eu mesma sabia o motivo e como melhor despejá-los em suas garrafas. Pior! A adega, o local, a temperatura de abrigo... Que perigo! Não houve época que os fermentasse sem meu próprio tempo e paladar exaustivo que os queixasse como eternos persistentes. Evaporaram-se de torpores todos, os tais amores.
Fora esses e outros tantos tontos, que se chamaram ou não e que também não necessariamente foram amor, há um tipo que nunca consegui conhecer. Toda vez que pensava ser apresentada ou inclusive a ele apresentar-me, me ocorria o engano. E pra acontecer talvez ainda leve ano... Ou talvez nem tanto!
Só sei que inda não sei se vai haver esse próximo; o desconhecido. Já me embalei em tantos cantos que cansei de encantamentos. Horas penso ser bom, por criar cada vez mais afeto por mim mesma; por me questionar barulhos que, com um amor, não fosse capaz de escutar. Mas depois de um vento acalentado de paz... Já nem sei mais! Penso que descobrir um amor, seja ele achado, seja roubado, seja insípido, repetido ou inventado, é sempre entreter-se. E é isso o que mais amo!
Amo a trama da noite com o amanhecer. Esse caso que se constrói com poucas estrelas e muita imensidão. Essa partida que se tem com a chegada ou com a ida de quem se quer. Amo a briga do homem com a mulher! O infinito que se encaixa no vazio. Ser sempre ambíguo, complementar, antônimo, mas sempre dois a juntar, ou melhor, apenas um já untado pelo amor e seu bem amado.
Amo o fato e o estado que me faz esfacelar, dividir e multiplicar amores; apesar de, em certos momentos, tentar alcançá-los pra re(vi)vê-los, e não sê-los; como o lume do fogo num vendaval arruinado, prestes a se fazer cansante e não mais ardente; apenas apagado.
Amo ter havido amores, apesar de igualmente (há)vê-los. Isso porque entendo o valor de um amor; e o de cada um deles. Só me pergunto, por fim, até que ponto os serei, se o que não encontro em mim posso ter neles? E até que outro ponto seguirei, se a minha sede de haver envolve sempre o mais para entreter-me e a virtude eterna de nunca me bastar?
Prefiro olvidar, me calar e bem fal(h)ar em novos ou velhos amores...

A perder de vista

A perder de vista
Sou artista
Rolo na pista
E reitero
Sou ativista
Defendendo
Sem peias
Meu eu severo
Ríspido
E idealista

A perder de vista
Sou o encontro
Do feio
Com o belo
O bom duelo
Do príncipe
Com o vagabundo
O dueto imundo
Do que vivo
Com o que velo

A perder de vista
Sou o alarme
Que em vez de tocar
Rabisca
E no lugar do alarde
Faz revista
Como quem arde
Ou queima
No tangido charme
Da conquista

A perder de vista
Sou o adubo
Do terreno
E como cego
Que avista
O aceno
Apanho o medo
E o sereno
Prado fértil
Que sagra
O segredo
O simples pulso
Do folguedo


A perder de vista
Sou o amor
Nu verdejante
Que tanto espero
E logo quero
Otimista
Na hora adiante
E bem quista
Em que esmero
Essa visita
E minha sedução
De amante
Romancista

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Primavera

Talvez agora eu saiba
Entenda o acaso que devore
Minha insistência de criança
Nessa valsa de estações

Talvez agora entenda
O que me faz breve vivenda
Em cada setembro eterno
De mantos e canções

Pois se poetas adoram
E fachos brutos esperam
Quem será de negar
Ou maldizer tais afeições

São moinhos de vento
Transpondo cada tempo
E revivendo cada vôo
Em jardins de ilusões

É a linda vinda dela
Doce e densa primavera
Que abarca o barco a vela
Acusa rasantes gaviões

É a noite em fina espreita
Com o anjo na janela
Catando estrelas vivas
E colorindo rubros corações

São as flores de todos
Encobrindo a mata fresca
E despindo sem pudor
Cheiros de quatro sazões

Agora eu sei enfim
São as primaveras em mim
Que dedicam o seu jasmim
A um calabouço sem porões

Portanto hoje eu entendo
De chuva de risos e humores bons
Com girassóis ao sol estupendo
Nos galhos secos das multidões

É a contente primavera
Que contenta minha espera
Que assola as dores dessa era
E traduz dons em portos de quimera

Os livros

Os livros que li
Me deixaram assim

Horas os penso
Como desejo
Outras como ensejo

Alguns dias os como
E como sorriso os vejo

Só sei que apesar dos apertos
De consciência e de coração
Os livros que já li
Me deixaram assim

Pura cilada

Um pouco lá
Um tanto aqui
Mas sempre assim

Curiosa como sou
E desdenhosa
De onde inda vou

Como deixada
Ou levada

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O falcão

Ao vê-lo planar,
temi.

Senti suas asas
[tão amplas]
cortantes.

Do alto do prédio
as vi rasgando o vento
que zunia em meus ouvidos;

era uma solidão pura.

Ao vê-lo pousar,
enterneci.

Esperei suas asas
[agora retrancas]
abrirem-se para ir.

Do alto do prédio
alçou um vôo que sempre imaginei sentir.

E foi,
[horizontalmente]
paralelo ao crepúsculo,
em direção ao horizonte...

Entre o estar e o ser

O estar sempre brinca de ser
Deita no sofá da nossa sala
Esquenta o juízo
E se faz de casa

Sua confusão é peregrina
Espécie de chuvisco andante
De onde caem pingos vis
Que se acham torrente

Eu gosto sempre de brincar
Mas não de brincar de ser
Ou de fingir estar quando sou

Prefiro preto no branco
Abomino o gris
Aquele “deixo estar”
Sem ficar nem entreter

Pois o jogo ocasionado
Só cria caso
Esvazia a ternura do ser
E o facho do estar

A briga entre o estar e o ser
Esmurra o momento e o sucessivo
Dá fim no contento efêmero
E arruína o eterno

Entre o estar e o ser
Não há sensação ou sentimento
Só cabe sensacionalismo
Coisa que não se sustenta à distância
Ao menos com nomadismo

domingo, 1 de agosto de 2010

Poesia

Nessa metalingüística
Cansante
Vou brindando
E brincando
Com as marcas
Incessantes
Dessa característica

Querer sempre expor
Sentir-me repor
Encarte
E empate
Com o torpor
Disparate
Ao tocar de cada som de tambor

Rima de esplendor
Parece cantiga
Melhor amiga
No amor
E na dor
Pulso meu
Em todo passo que dou

Ela vem cantante
Dançante
Detetive instigante
Abriga as ditas
Benditas
E as palavras ocultas
Em cada semblante

Guia
Barco a vela
Brisa fresca
Sombra
E água fria
Deslumbra arestas
Desvenda fantasias

Meu estandarte
Reparto em vida
Parte completa
Que nasce arte
E já vive repleta
Minha mania concreta
De poesia
Baluarte

De graça

Minha vida é isso
Amar de graça
Alimentar meu vício
Barato
Pura cachaça
E sem me dar quase nada
Às vezes torpor
E noutras, alegria
Você me dá poesia
Você é minha poesia

Você se encaixa
Em minha harmonia
Enche de vermelho
Meu caixa
Sem dúvidas
E só queimando dívidas
É como predador que me caça
Esse amor de graça
Mas é pura poesia
Você me dá poesia

Vivo dessa graça
Imensa alegria
Desse vício que me caça
Sob som de harmonia
Cachaça que queima
E que me condena
Em pura massa
Todo santo dia
A essa vida de poesia
De graça

Esgrima

Utilizo a arte pela arte
Porque a arte já se explica
E me condeno
A essa esgrima
Não sentida
Pelo simples fato
Dela já me fazer parte
E de minha vil arte
Se fazer ato
Desatado
E altear o contato
Seja de canto
Ou de raspão
No furo
Ou na ferida
Sendo a idéia riscada
Ou não
Que permeia
O sangue nas veias
E lacera com precisão
A carne humana
Pela alma habitada