domingo, 27 de fevereiro de 2011

Outras lembranças

Queria outras palavras
Queria outras histórias
Mas só me vêm estas memórias

Queria outras músicas
Outra dança
Queria outros passos
Diferentes compassos
Mas só sou essa criança

Queria outros dias
Outras melodias
Dança
Dança
Queria músicas vazias

Queria outros
Outros arranjos
Outros batuques
Queria outros tempos
Não queria truques

Queria outros ritmos
Acompanhamentos
Diferentes batidas
Outra audição
Eu queria era outro coração

Queria esperanças
Queria outros intentos
Não queria lamentos
Queria harmonia
E nessa dança só me vêm outras lembranças

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Maré

A rima
Que constrói o verso
Descontinua o eco
Da mente...

E a caminho do sol
O fonema fica rente
Vindo que nem onda
Na beira do mar...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Desfaz

Incrível como uma fala desfaz uma ida
Desfaz uma vinda
Desfaz um vida

Como uma fala desfaz o perverso
Desfaz o inverso
E desfaz um verso

Parafraseando

Parafraseando um bom amor que há em mim
Fico em vão ou não pensando sem fim
Fico a léguas sem tréguas
Fico doida de tanto doída
Sem saber se a sapiência da despedida
É somente um espinho em meu jardim

Então continuo pensando sem fim...

Frenético

Ao caso do compasso decompassado em casa com chuva de presente mansa que amansa o ganso de remanso e descanso de casco com o casado do mineiro desprovido de inteiro sem metade nem verdade meia nem teia tenente imprudente sem dente ou sente sentido caído de prancha calado moído mofado tirado em tiras de mentiras materiais ou matérias energéticas sob a fonética do cerrado cercando o senado do país num frênulo cético e poético por um luzir frenético.

Desculpas

Desculpas para aqueles que não acreditam em destino...
Desculpas para aqueles que não acreditam em alma...
Desculpas para aqueles que inda não sabem que os anjos também erram...
Desculpas para aqueles que inda não urgem nem rugem de fome...
Pois tenho fome de destino.
Tenho surtos de vida.
Meus fâneros são de energia.
E só a força do amor pra, um dia
Competir com a minha comida.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Oro pouco
Meu religare é a natureza
Mas quando tudo é brasa
Viro um eclipse
Sento na minha clareira e broto
Encosto nas asas do tempo e assobio
Visto uma lagarta e engulo borboletas
Meu coração vai ritmando uma benção pluvial
E, então, - sublime - desnaturo Deus

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Brincadeira

Queria brincar com o tempo
Talvez jogá-lo pra cima
Escorrê-lo pelas mãos
Como faço com a areia da praia

Brincar com o tempo
Pedalando-o sem pressa
Com os braços abertos
Sob um vento atemporal

Queria brincar com o tempo
De esconde-esconde
Fechar os olhos
E contar até um segredo

Queria brincar com o tempo
Num sentido furtacor
Com cheiro de manga rosa na primavera
Assim como ele brinca comigo

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Risco

Passa o passo
Passo o lápis
A passagem
A pegada passada
O passado

Passa o piso
Pego o riso
Passo a vez
E passado o perigo
Verso o risco