domingo, 27 de janeiro de 2013

Caneta azul

Medo
do que me cala e me grita;
Do que me confunde;
Do que me devora.

Não, eu te peço;
Não roube as minhas roupas!

Fiquei presa demais
e diante de tanta nudez
poderia,
então,
ficar muda,
mais do que o meu coração
(esconde).

Se queres uma amizade
te direi com denúncia e verdade:
fica; fica por essas linhas e me deixa
seguir,
nem que seja ao avesso,
mas só.

Preciso de um tempo
comigo,
com toda a imensidão de mar
que tanto abarca,
que mareia tanto,
que diluvia nas beiras,
sem eiras.

Me larga aqui
despreendida,
que saberei navegar,
caminhar,
voar...

Isso!

Tenho que vestir
aquelas asas que me dão
luz
ao pensamento!

Intento;
alçar vôos para fugir
de mim
e encontrar
meu
eu.

Deslizar pelo branco
do papel
e fazer rascunho de tempo livre.

Transformar dia cheio
em suspiro de palavra.

Traduzir espera
em ditongo de consoantes.

Sucumbir à realidade
e reinstalar meu poetizar
manual,
com caneta azul.