segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Inspiração


Inspirei preocupação, inspirei saudade, inspirei espera, inspirei vontade...
Inspirei dor, inspirei pensamento, inspirei cansaço, inspirei conhecimento...
E depois de tanto, inspirei e expirei...
Inspirei amor e larguei-o do peito, de volta para ti...
Inspirei cheiro, doçura, e saboreei...
Inspirei corpo e dei-lhe inteiro, apaixonadamente...
Inspirei os acertos e expirei os erros...
Largando-os no ar, plantando novas sementes de vento...
De amor.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Quero ser

Quero ser...
Sua estrangeira
Poliglota
Fazer visita
Fazer sala
Anfitriã
Ser de casa
Ser seu bloco de recados
Seu caderno de viagem
Avião ou barco à vela
... Seu destino

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Novos tempos


Há tempos não escrevo sobre o amor, o amar.

Sobre o mar, sobre as ondas de sobra, sob as sombras, as marés de paixão...
Sobre antigos, os artigos, as letras, as palavras e as frases que vem construindo o livro da minha vida, a temperar meus dias.
Vezes não admito, mas transpiro amor. Tento abarcá-lo num infinito de confusões, afazeres, compromissos; afogá-lo em uma rotina cansada, progressivamente densa. Exijo de mim mesma resultados recordistas, capacidades e reservas inexistentes, expelir do peito o ar que nunca irá sair.
Os números é que me lembram do quanto somos volúveis, voláteis e, solenemente, amantes indissolúveis.
Depois dos anos passados olhamos pra trás, paradoxalmente, com mais tempo. Paramos mais (e) devagar, dissolvemos cada memória e saboreamos cada pitada, cada pôr do sol, cada tempestade, cada oceano de estrelas.
Gosto do tempo - me cheira tão diferente, tão igual! Ele navega meu futuro de embarcações à deriva...
Me atravessa à margem do amanhã...
E volta...! Um vento...
Mar me leva tanto ao passado, nessa jornada nostálgica e melancólica... Marca meus sorrisos na areia... Os cobre de água salgada...
É o amor (dos velhos tempos) presente de novo!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mulher de roupa nova

De roupa nova
É assim
A gente faz graça
Abre a vidraça
Venta a saída
Parte pra luz
Ascende o olhar
Pisca no tom
Desfila o encanto
Combina o batom
Assopra o charme
Perfuma jardim
Planta arrepio
Rega a vaidade
E espera assobio

Borboleta de quintal


Saudade desse respiro
Do sopro que me colore
Desejo
E então a vejo

Suas asas brincando minha liberdade
Aquelas cores, alegria
Formato de sonho
Inquietude, euforia 

E sorrio voando
Passeando como há tempos
Escrevendo pelos ventos...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Conclamare (do latim)

Andam por aí atrás de esperança*.
Esperança para tudo, por tantos, com todos...
Esperança de viver!
Para a tal, muitas vezes, não se busca plantar nem um grão sequer de paciência no tempo, nem nos espaços.
Conclamo, pois bem, no nosso verde Horto das Palavras, que as tantas palavras, muito bem faladas, escritas, berradas, e sangradas - por muitos, transformem-se - aos poucos - em esperança e verdade.
Que saibamos bem plantar nosso futuro!


*Dizem, ela nunca morre; talvez adormeça, mas já se sabe: acordou!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Ciclo da Vida

Vezes me sinto um grão; gérmen a descobrir o próprio embrião.
A folhas tantas, me sinto folha, inda verde, a respirar breve e ser respirada.
Vezes me fazes sentir flor, a te chamar ao seio, ao te trazer ao meio, por te mostrar o amor.
N´outras sou quero-quero, amante sincero, de esvoaçante estrada.
Vezes floreio os dias plantando novas sementes, regando de esperanças o tempo clemente.
Agora, enfim, começo a embriagar essa emoção doce; fruto manso.
E o vento tem um sabor de vida maior que todas.
E balanço...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Pássaro da saudade

Quando um dia inda é bobagem, em plena tarde, a noite se agarra em meus pés e promete uma dança. Me traz fotos sorrindo e memórias de lembrança. Escurece meus olhos e me clareia a mente. Diz, sincera - mente, que o ar rareiou, mas que a brisa venceu. A calmaria tomou conta da cidade do meu coração e se fez mandante. E enquanto suas mãos imaginaria - mente repousam sobre meu peito, me aqueço. Enquanto me tira pra dançar, adianto os passos e caminho pelas estrelas. Estremeço e descubro, mais uma vez, o poder do amor. Reviro aquelas velhas canções e me alegro demasiada - mente. Torno a embalar meu corpo numa emoção longínqua, que é a mais presente possível, e então, relaxo inteira. Os rodopios me levam aos mais lindos jardins, cores e brilhos que me fazem levitar, sentir como raio de sol ao alvorecer. Agradeço, portanto, pela dança, pois quero me manter esguia na noite, e rezo pro dia não nascer, poque quero essa chama, essa noite comigo, pra sempre. Essa "noite" é a saudade... Saudade de um tempo bom que se e me faz melhor a cada dia. Saudade de amar livre - mente, com gosto de quero-querer mais... Saudade de, em meio às tempestades do cotidiano, sentir a brisa da paixão me acalentar e me energizar pro amanhã. É de saudade que me inundo... De saudade que me cerco... É nela que me atiro! Me jogo em seus braços toda vez que te quero e te espero. E pode saber: se eu estiver pensando em você, a saudade faz noite do meu dia e me transporta pro nosso universo... Onde o chão é de céu e a luz da vida somos só EU e VOCÊ!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Mãe Nossa

Poesia nossa que está em todos os lugares...
Poesia nossa de cada dia...
Agora e sempre...
Amém!

domingo, 27 de janeiro de 2013

Caneta azul

Medo
do que me cala e me grita;
Do que me confunde;
Do que me devora.

Não, eu te peço;
Não roube as minhas roupas!

Fiquei presa demais
e diante de tanta nudez
poderia,
então,
ficar muda,
mais do que o meu coração
(esconde).

Se queres uma amizade
te direi com denúncia e verdade:
fica; fica por essas linhas e me deixa
seguir,
nem que seja ao avesso,
mas só.

Preciso de um tempo
comigo,
com toda a imensidão de mar
que tanto abarca,
que mareia tanto,
que diluvia nas beiras,
sem eiras.

Me larga aqui
despreendida,
que saberei navegar,
caminhar,
voar...

Isso!

Tenho que vestir
aquelas asas que me dão
luz
ao pensamento!

Intento;
alçar vôos para fugir
de mim
e encontrar
meu
eu.

Deslizar pelo branco
do papel
e fazer rascunho de tempo livre.

Transformar dia cheio
em suspiro de palavra.

Traduzir espera
em ditongo de consoantes.

Sucumbir à realidade
e reinstalar meu poetizar
manual,
com caneta azul.