É sabido exonerar-se
Prescinde aviso prévio
Nos cobra inteiro
Do que fará metade
E tem um triste cheiro
Que só de canto invade
Pode derramar
Ou de pranto encharcar-se
Por motivo de saudade
Mas depois some
Atrás da solidez do ermo
Sem sentido nem nome
É capaz de cair do pé
A caminho de fincar-se
Sem nem bem florir
E o que antes deveras fosse
Agora se espalha em galhos
Soando feito flauta doce
E quando o sempre vira praxe
Mas não é mais domínio
Sobre o breve ou transcendental
Todo ser amado
Criado e vivido sob fascínio
Há de ter o seu final
Já que desapaixonar-se
É um talvez logo cedo
Um barco a vela
Desprovido de remos
E ilhado em lajedo
Já que desapaixonar-se
É num piscar de olhos
De um álibi faz-se pluma
Engana como bruma
E desengana o apaixonar-se
Preciso, persigo, mas não consigo!
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